Raphael Bruno
Adversários do PT não se furtam a utilizar a adjetivação de stalinista para definir o conjunto de práticas e visões do partido rival a cada oportunidade que lhes é dada. A acusação, na verdade, revela dois aspectos: o primeiro é um profundo desconhecimento dos elementos que contribuíram para a formação histórica petista e suas transformações, nos quais a influência das ideias stalinistas sempre foi pouco mais que nula. O segundo é a deturpação conceitual que acompanha esse tipo de classificação, sempre pronta a rotular qualquer política ou comportamento de vaga orientação esquerdista, socialista ou progressista com as marcas das deformações ditatoriais e burocratizantes que o regime do temido georgiano assumiu na União Soviética.
Quem lança mão regularmente de algumas das principais táticas do stalinismo, a calúnia política, a falsificação histórica e a deturpação dos fatos, no entanto, é a oposição. O ditador soviético, como qualquer estudioso do tema sabe, foi um mestre da contrapropaganda e da demonização dos inimigos. A máquina publicitária do stalinismo esteve sempre a postos para minimizar ou mesmo ridicularizar a participação de adversários internos na Revolução de 1917 enquanto foi o papel de Stalin no levante comunista foi acusar rivais de colaboração com o nazi-fascismo, enquanto era ele quem negociava termos com Hitler, ou mesmo execrar resistências partidárias como atos de traição ao partido dignos de expurgo para os gélidos campos da Sibéria. Era o ditador quem atropelava os ideais soviéticos originais ao concentrar em si, de maneira brutal e paranóica, todas as decisões sobre os destinos do regime.
Aguerrida, a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva utiliza de artifícios semelhantes, guardadas, evidentemente, as devidas e enormemente diferentes proporções. A mais insistente das calúnias políticas talvez tenha sido a tese de que, no auge de sua popularidade, o presidente arquitetava, noite e dia, a estratégia que lhe viabilizaria um terceiro mandato. Não importava o tanto que Lula e a cúpula do governo negasse o fato e desautorizasse as investidas de parlamentares governistas que, em busca de holofotes, alimentavam a ideia da conspiração. Pois o presidente escolheu Dilma Rousseff para ser a candidata petista nas eleições e trabalha para sua sucessão. E aqueles que durante meses alardearam que Lula articulava uma grande investida para tentar o terceiro mandato e transformar o Brasil na Venezuela, seja lá o que isso significasse, não demonstram nenhuma necessidade de admitir o comportamento político errático. Tais acusações convenientemente deixavam de lado, também, que foi o “príncipe” Fernando Henrique Cardoso quem alterou as regras para prolongar sua permanência no poder.
O terrorismo das palavras continuou quando o governo, como uma forma de manter a atratividade dos papéis públicos, planejou taxar as poupanças mais recheadas do país e foi acusado, numa tentativa de ressuscitar fantasmas, de “querer mexer na economia do povo”, embora a esmagadora maioria da população brasileira não tenha mais de R$ 50 mil na caderneta. E voltou à tona agora, na fase de pré-campanha, quando a oposição acusa o PT de querer dividir o país entre ricos e pobres, enquanto, pelo contrário, o governo apenas reconheceu a existência dessa separação real e implantou políticas para evitar que o abismo entre os dois grupos fosse maior, e enxerga na permanência de José Alencar na vice-presidência uma tática para permitir que Lula se licencie da Presidência para se dedicar à campanha de Dilma, ainda que o presidente tenha, mais uma vez, negado categoricamente tal intenção.
A história, na verdade, sempre foi palco de disputas. Agentes políticos compreenderam há séculos que controlar as interpretações do passado é estratégico para as relações de poder do presente. O atual governo sabe disso e talvez a evidência maior seja o exagero com que recorre ao “nunca antes na história desse país” para se vangloriar. Mas tal fato apenas demonstra que PT e PSDB guardam mais semelhanças do que gostam de demonstrar. Inclusive, quem diria, em táticas das quais o stalinismo fez uso com reconhecida eficiência.
Adversários do PT não se furtam a utilizar a adjetivação de stalinista para definir o conjunto de práticas e visões do partido rival a cada oportunidade que lhes é dada. A acusação, na verdade, revela dois aspectos: o primeiro é um profundo desconhecimento dos elementos que contribuíram para a formação histórica petista e suas transformações, nos quais a influência das ideias stalinistas sempre foi pouco mais que nula. O segundo é a deturpação conceitual que acompanha esse tipo de classificação, sempre pronta a rotular qualquer política ou comportamento de vaga orientação esquerdista, socialista ou progressista com as marcas das deformações ditatoriais e burocratizantes que o regime do temido georgiano assumiu na União Soviética.
Quem lança mão regularmente de algumas das principais táticas do stalinismo, a calúnia política, a falsificação histórica e a deturpação dos fatos, no entanto, é a oposição. O ditador soviético, como qualquer estudioso do tema sabe, foi um mestre da contrapropaganda e da demonização dos inimigos. A máquina publicitária do stalinismo esteve sempre a postos para minimizar ou mesmo ridicularizar a participação de adversários internos na Revolução de 1917 enquanto foi o papel de Stalin no levante comunista foi acusar rivais de colaboração com o nazi-fascismo, enquanto era ele quem negociava termos com Hitler, ou mesmo execrar resistências partidárias como atos de traição ao partido dignos de expurgo para os gélidos campos da Sibéria. Era o ditador quem atropelava os ideais soviéticos originais ao concentrar em si, de maneira brutal e paranóica, todas as decisões sobre os destinos do regime.
Aguerrida, a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva utiliza de artifícios semelhantes, guardadas, evidentemente, as devidas e enormemente diferentes proporções. A mais insistente das calúnias políticas talvez tenha sido a tese de que, no auge de sua popularidade, o presidente arquitetava, noite e dia, a estratégia que lhe viabilizaria um terceiro mandato. Não importava o tanto que Lula e a cúpula do governo negasse o fato e desautorizasse as investidas de parlamentares governistas que, em busca de holofotes, alimentavam a ideia da conspiração. Pois o presidente escolheu Dilma Rousseff para ser a candidata petista nas eleições e trabalha para sua sucessão. E aqueles que durante meses alardearam que Lula articulava uma grande investida para tentar o terceiro mandato e transformar o Brasil na Venezuela, seja lá o que isso significasse, não demonstram nenhuma necessidade de admitir o comportamento político errático. Tais acusações convenientemente deixavam de lado, também, que foi o “príncipe” Fernando Henrique Cardoso quem alterou as regras para prolongar sua permanência no poder.
O terrorismo das palavras continuou quando o governo, como uma forma de manter a atratividade dos papéis públicos, planejou taxar as poupanças mais recheadas do país e foi acusado, numa tentativa de ressuscitar fantasmas, de “querer mexer na economia do povo”, embora a esmagadora maioria da população brasileira não tenha mais de R$ 50 mil na caderneta. E voltou à tona agora, na fase de pré-campanha, quando a oposição acusa o PT de querer dividir o país entre ricos e pobres, enquanto, pelo contrário, o governo apenas reconheceu a existência dessa separação real e implantou políticas para evitar que o abismo entre os dois grupos fosse maior, e enxerga na permanência de José Alencar na vice-presidência uma tática para permitir que Lula se licencie da Presidência para se dedicar à campanha de Dilma, ainda que o presidente tenha, mais uma vez, negado categoricamente tal intenção.
A história, na verdade, sempre foi palco de disputas. Agentes políticos compreenderam há séculos que controlar as interpretações do passado é estratégico para as relações de poder do presente. O atual governo sabe disso e talvez a evidência maior seja o exagero com que recorre ao “nunca antes na história desse país” para se vangloriar. Mas tal fato apenas demonstra que PT e PSDB guardam mais semelhanças do que gostam de demonstrar. Inclusive, quem diria, em táticas das quais o stalinismo fez uso com reconhecida eficiência.
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